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IFPA certifica venezuelanos refugiados concluintes do curso de soldador

  • Publicado: Quarta, 15 de Março de 2023, 19h04
  • Última atualização em Quarta, 15 de Março de 2023, 19h05
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O Instituto Federal do Pará (IFPA), na segunda-feira (13), fez a entrega do certificado a 11 refugiados venezuelanos da etnia Warao que participaram do curso de Soldador, eletrodo revestido. Na ocasião, foi lida a lista dos alunos que participarão da terceira etapa do projeto, Soldataya Yakeraja 2.0, um curso profissionalizante de Auxiliar em Fabricação Mecânica. Trata-se de mais um Projeto de Extensão do Campus Belém aprovado pela Pró-reitoria de Extensão do IF. A ação recebe apoio da Prefeitura Municipal de Belém, Banco do Povo de Belém, Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Fundação Papa João Paulo XIII (Funpapa) e do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB). O evento e a aula inaugural foram realizadas à tarde, no Auditório Cláudio Matni, localizado no segundo andar da Reitoria.

A mesa de abertura do evento contou com a presença do pró-reitor de Extensão, Fabrício Medeiros Alho; o coordenador e idealizador do projeto no Campus Belém, Dr. Hélio Antônio Lamera de Almeida; a diretora-geral da Funpapa, Sandra Valente; e o vereador Fernando Carneiro, um apoiador das ações de acolhimento dos refugiados. O auditório ficou lotado com a presença de 12 venezuelanos refugiados, um deles acompanhado pela esposa e filhinha. Estavam presentes, os alunos do IFPA que serão os monitores desta etapa do projeto e os professores do curso Técnico em Mecânica −Diego de Leon Brito Carvalho, que atuará na coordenação da tornearia, e Thompson Reis da Silva, que atuará na coordenação da ajustagem−. Outros integrantes da Funpapa, do IEB e da OAB-PA.

O curso está previsto para começar no final de março, após a aquisição dos materiais para as aulas práticas com os recursos liberados pelo Pró-extensão. Os estudantes monitores, cerca de 18, que cursam Técnico em Mecânica, Engenharia de Materiais e Engenharia Elétrica no IFPA, estarão nos laboratórios todos os dias da semana e acompanharão os Waraos durante as oficinas que devem ocorrer em dois dias da semana, na quarta-feira e na sexta-feira, de 9h às 12h. “Nos outros dias, os monitores devem elaborar as aulas e preparar os materiais para o próximo dia, fazer relatórios e deixar tudo organizado”, detalhou o professor Hélio Antônio que é o responsável pela área de soldagem.

Professor Hélio Antônio comenta, ainda, que é uma satisfação atuar em um projeto que permite ofertar à comunidade externa um curso profissionalizante. “Este projeto é diferente dos outros dois ofertados pelo IFPA ao povo Warao. Este vai atuar em três áreas, formando nas áreas de soldagem, tornearia e ajustagem. Ao final dsoldao curso, os venezuelanos vão receber um certificado de Auxiliar de Fabricação Mecânica. O que ampliará seus horizontes e suas chances de inserção no mundo do trabalho. Agora, estamos buscando parceiros para somar forças nesta oferta de cursos e para oferta de trabalho”.

Processo migratório e desemprego no mundo capitalista

Para a diretora da Funpapa, a migração dos povos tem como principal causa os conflitos econômicos entre países. “O imperialismo norte-americano exerce o poder sobre a maioria dos países. Quem não faz o que eles querem é penalizado. Sabemos que o governo venezuelano se posicionou contrário ao comando dos EUA, por isso foi submetido a grave crise econômica. O que faz com que seu povo saia de suas terras e fique migrando à procura de bem-estar econômico, social e familiar em outros lugares”, pontuou em sua fala Sandra Valente se dirigindo aos refugiados.

“Nós, enquanto órgão de política assistencial trabalhamos com o acolhimento, ampliamos o trabalho quando implantamos um Núcleo de Assistência aos Refugiados. Sem as articulações não conseguiríamos dar conta de todas as demandas. Temos um consultório que atende a população em situação de rua, contamos com o IEB, com a Acnur. Apesar de toda falta de recursos gerada pelo governo federal anterior, temos avançado nos diálogos com a Acnur e Unicef. Em nossos espaços de acolhimento temos pessoas de Cuba, Haiti, Espanha e Portugal. O processo migratório é intenso no mundo. A crise é do sistema capitalista, do mundo do trabalho, onde cada vez há mais exploração e falta opções”, destaca Sandra Valente.

O trabalhador empobrecido é cada vez mais explorado, afirma Sandra Valente. Daí vem a importância de um curso como o ofertado pelo IFPA campus Belém, de capacitação e qualificação, que vai oportunizar um ofício, uma qualificação para o trabalho. “Eu me surpreendi com a dimensão do alcance do que estes trabalhadores estão aprendendo no IFPA e a importância deles para a sociedade com esta qualificação. Um avião, para voar, se faltar uma pecinha, não sai do chão, pois dá problema.  Essa pecinha precisa ser bem-feita, para garantir o bom uso e utilidade. Eu fico feliz, contente, que apesar de todas as dificuldades, está sendo possível avançar nesta articulação, neste projeto político da assistência social, em articulação com cultura, educação e economia. É uma imensa alegria estar aqui. A gente parabeniza pelo projeto e pela iniciativa que é de extrema importância pelo público que atende. Entendemos a importância do Instituto Federal trabalhar no ensino, na pesquisa e extensão para levar o conhecimento à comunidade externa”. 

O vereador Fernando Carneiro saudou os estudantes venezuelanos em espanhol e depois, em português, lhes explicou que a sociedade brasileira e mundial valoriza o trabalho de modo que quem não está empregado acaba sentindo-se inferior, quando na verdade não é culpa dele e sim do sistema que não absorve a todos. Comenta que a sociedade valoriza o trabalho, mas não cria trabalho para todos. No entanto, observa que é difícil resolver isso, pois o sistema capitalista precisa de mão de obra desempregada para obrigar quem está empregado a andar na linha. ‘Se não quer assim, saia, tem muita gente querendo trabalhar’. Destaca que esta não é uma lógica de agora, vem de muito tempo, desde o início de sua implantação na Inglaterra. Esta sociedade capitalista, afirma ele, lhe diz que você precisa do trabalho, pois você precisa pagar aluguel, comida, roupa, transporte, cultura e educação. Diante da problemática dos refugiados, gerados por problemas militares, climáticos e pelo sistema capitalista, apontou que é muito louvável a iniciativa do IFPA de ofertar extensão para a comunidade venezuelana.

“Precisamos de iniciativas como esta. Eu não tinha a dimensão da importância desse projeto até chegar aqui hoje e ver a apresentação do professor. Quero parabenizar toda a equipe do IFPA através do professor Fabrício e do professor Hélio. Espero que vocês abracem esta oportunidade com todo o vigor e que possa melhorar a vida de cada um”, Fernando Carneiro concluiu sua fala se dirigindo novamente aos refugiados.

Entrega dos certificados

A entrega dos certificados foi feita pela Assistente de Sênior de Campo da Acnur, Tamajara J. Luiz da Silva, os professores do curso Técnico em Mecânica do IFPA, Diego de Leon Brito Carvalho e Thompson Reis da Silva.

Agradecimentos

O Pró-Reitor de Extensão Fabrício Alho, representando o Reitor do IFPA, foi o último a se pronunciar. Ele ressaltou a importância do projeto para os estudantes da graduação e cursos técnicos complementarem a formação integral, cidadã, sendo indutores de transformação social. Esta é, em sua visão, uma experiência formativa que enriquece o currículo de cada um dos acadêmicos e técnicos formados pelo IF. Convidou-os a serem protagonistas nesta formação dos refugiados. Agradeceu os servidores do campus Belém e da Reitoria envolvidos no projeto de extensão. Fez um agradecimento especial aos representantes da ONU, do IEB, da Funpapa, Banco do Povo e OAB que viabilizaram a oferta de curso do interesse dos refugiados e imigrantes. Destacou que o IFPA tem 36 Projetos de Extensão aprovados por ano. Os projetos do professor Hélio no Pró-extensão foram de Soldador, eletrodo revestido; Empreendedorismos na soldagem e, agora, Auxiliar em Fabricação Mecânica.

Se dirigindo aos venezuelanos e aos representantes da OAB, IEB, Acnur, Funpapa, Fabrício Alho destacou que o IFPA conta com Centro de Idioma em cada um dos campi. Foi o Centro de Idiomas que firmou parceria com a Secretaria dos Direitos Humanos e viabilizou curso de Português como segunda língua para refugiados no Campus Belém. “Obrigado pela permanência de vocês, sabemos que isto envolve a família de vocês. É uma forma de se sustentarem. Temos aprovada pelo IFPA uma política afirmativa que prevê cota para os refugiados nos cursos de graduação e pós-graduação. Fiquem atentos”. 

Presentes para Soldadores

Professor Hélio conseguiu junto ao Campus Belém compor quites com máscara de proteção facial para solda; colete, mangote, perneira, luvas e bota de raspa de couro; óculos e jaleco. Junto à Reitoria, conseguiu caneta e sacola da Reunião Anual dos Dirigentes das Instituições de Educação Profissional e Tecnológica (Reditec) 2022. Cada um dos concluintes foram presenteados com um quite completo e o certificado confirmando a participação da formação de soldador.

Na formação de soldador, os venezuelanos tiveram a oportunidade de aprender a fazer manutenção de portões, banquetas, mesas, cadeiras, portão de enrolar, grades para janelas e portões, portão de correr, estrutura para telhados, suportes para condensador, estrutura de proteção para piscina.

A entrega dos certificados foi feita pela equipe da Assistente de Sênior de Campo da Acnur, Tamajara J. Luiz da Silva.

Um dos Waraos que participaram do curso de Soldador é Euclides José Murales Gonçalves, 32 anos, casado e pai de uma menina. Ele é natural do Delta Amacuro, está no Brasil há quatro anos, dos quais dois anos em Belém. Este é o primeiro curso que teve acesso no Brasil e está esperançoso de conseguir uma oportunidade. “Agora terei um documento para apresentar e procurar trabalho. No curso aprendi muita coisa”, fala em espanhol agradecendo esta oportunidade.

Soldador

O curso de Soldador foi ofertado no Campus Belém. Foi dividido em dois módulos, um teórico e outro prático. Foram oito horas semanais, com aulas em dois dias da semana, quarta e sexta, no período matutino (8h30 às 12h30) e vespertino (14h às 18h). O transporte dos alunos foi feito em parceria com a Funpapa e Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster).

Os concluintes do curso aprenderam a realizar a classificação dos processos de soldagem, as terminologia da área, conhecimentos de higiene e segurança na soldagem, a identificar os tipos de eletrodos, funções de revestimento; distinção dos tipos de eletrodos, fontes de soldagem, amperagem, processo de corte a plasma; desenvolveram habilidades e conhecimentos para manusear os equipamentos de soldagem, os equipamentos de corte a plasma, preparação das chapas para soldar, limpeza e corte das peças, abertura e manutenção do arco elétrico, ponteamento das chapas, soldagem de filete na posição plana e horizontal, soldagem simples deposição e posição plana. Conhecerão as leis trabalhistas brasileiras e um pouco mais sobre a cultura brasileira.

 

 

 

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