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IFPA debate desafios e estratégias para a internacionalização

  • Publicado: Quarta, 02 de Outubro de 2019, 16h36
  • Última atualização em Terça, 08 de Outubro de 2019, 18h35
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Apresentações musicais e teatro, mesas redondas, palestras e relatos de experiência marcam o Eninter

O som instrumental do Quarteto de Saxofone da Associação Amazônica de Saxofonistas (Amasax), da Escola de Música da UFPA (EMUFPA), com um repertório que incluía músicas paraenses e eruditas, deu o tom do II Encontro de Internacionalização do IFPA (Eninter). O evento, organizado pela Coordenação de Relações Interinstitucionais e Coordenação Geral dos Centros de idiomas do Instituto Federal do Pará (IFPA), por meio da Pró-reitoria de Extensão, ocorreu na sexta-feira, 27 de setembro, das 9h às 12h e 14h às 18h, no auditório do Centro de Tecnologias Educacionais e Educação a Distância (Ctead).

Com o objetivo de pensar políticas e ações que fortaleçam a internacionalização no IFPA, o diálogo iniciou pela mesa composta pelo Reitor Claudio Alex Jorge da Rocha; a Pró-Reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (PROPPG), Ana Paula Palheta Santana; a Pró-Reitora de Ensino, Elinilze Guedes Teodoro; e o Pró-Reitor de Extensão, Fabrício Medeiros Alho. Todos ressaltaram os incansáveis esforços feitos para oferecer uma formação integral dos alunos dos cursos técnicos, superiores e pós-graduação. “A internacionalização é transversal - é ensino, pesquisa, extensão, arte e cultura-. Este encontro é importante para consolidar a estratégia institucional”, ressaltou Alho.

A Pró-reitora Ana Paula comenta que o Eninter é um evento para pensar sobre a internacionalização enquanto estratégia de ensino, pesquisa e extensão, capaz de propiciar novos horizontes culturais aos alunos e ampliar a produção acadêmica. “O trabalho dos professores Fabrício e Regina tem criado um ambiente de internacionalização no IFPA. Fico feliz em ver que a participação no evento deste ano seja maior do que a do ano passado”, destacou.

A internacionalização é um processo importante para a formação integral do aluno. É um processo transversal não somente das áreas finalísticas, mas de ciência, tecnologia, arte e cultura. “A gente vem avançando, dia a pós dia, na pós-graduação, ampliando a relação com instituições da França, Espanha e Portugal. Temos um mestrado de Desenvolvimento Rural bastante consolidado e buscamos o doutorado. Vemos aí o resultado das ações das três pró-reitorias. Desde 2017, a gente vem constituindo um conjunto de políticas de extensão, estágio e empreendedorismo. Estamos trabalhando na política de internacionalização”, destacou o Reitor Claudio Alex.

“O ensino do Português como Língua Adicional no Centro de Idiomas do IFPA/ Campus Belém” foi o tema do relato de experiência vivido pela professora de Língua Espanhola Nanci Cartágenes. Nanci apontou os desafios que vem enfrentado -inexistência de sala específica para ensino de Línguas, distanciamento e falta de apoio da coordenação local, dificuldade de identificação dos alunos para acesso ao Campus, falta de recurso para transporte e lanche, falta de carteira de meia passagem para os refugiados. Apresentou as dificuldades que vem enfrentando, sugeriu estratégias e convidou a todos à reflexão sobre o ensino da Língua Portuguesa aos refugiados. Destacou que o Brasil faz parte do Mercosul, da América Latina, da América do Sul, onde predomina o Espanhol, mas que a política do Ministério de Educação está de costas para nossos vizinhos e parceiros comerciais. “É muito complicado e delicado ser professor de língua estrangeira em nosso Brasil no contexto econômico e social atual.”, afirmou.

Nanci, que ama a Língua Espanhola, fala emocionada sobre o trabalho voluntário que tem desenvolvido no IFPA. Afirma que seus alunos estão no Brasil esperando a situação na Venezuela melhorar e, enquanto isso, buscam aprender o Português para conseguir trabalho.  Diante de todos os desafios que os imigrantes enfrentam, as primeiras estratégias têm sido o acolhimento, a afetividade e a socialização. Para superar a falta de recursos para ministrar as aulas de Português e Espanhol, organiza bazares. Para superar os desafios lingüísticos, vem trabalhando com a Gramática comparada; ensina as diversidades léxicas; mostra as diferenças e semelhanças fonéticas e fonológicas; apresenta e trabalha a História e Cultura paraense. “Em outros Estados, as pessoas buscam ministrar aulas de Português para os imigrantes, como tentativa de ajudá-los. E, no Campus Belém, além do ensino de Português aos venezuelanos, estou lecionando Espanhol para os profissionais que estão recebendo e acolhendo estes refugiados. Algo que tem sido elogiado e que requer maior apoio da coordenação do Centro de Idiomas do Instituto”, pediu.

O depoimento do venezuelano José Albarrán e da servidora da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), Odilene Andrade, da Turma de Espanhol da professora Nanci, testemunharam o quanto consideram importante os cursos de Português e de Espanhol ofertados pelo IFPA aos profissionais que acolhem os imigrantes e refugiados no Pará. “Não existe maior campo de internacionalização do que nossos corações. Quando ele está ligado à nossa mente, nos permite enxergar outras realidades que normalmente a gente não enxerga. Todo profissional precisa ter uma visão trans-cultural. Podemos dizer: ‘nós temos venezuelanos estudando no IFPA’. Ou dizer: ‘a gente tem acolhido venezuelanos no IFPA’. Outra coisa também seria dizer: ‘nós abrigamos venezuelanos no IFPA’. São coisas totalmente diferentes. São três estágios totalmente diferentes. Cada um requer superar e atravessar vários desafios. Venezuela não tem cultura migratória. As pessoas buscavam sair para estudar para ter melhor qualidade de vida. Nosso país sempre acolheu estrangeiros. Está sendo um desafio para nós superar o preconceito. Belém do Pará tem sido uma cidade acolhedora”, assegurou Albarrán.

Após a defesa da continuidade dos cursos ofertados pelo IFPA, no Campus Belém, a quem acolhe os refugiados venezuelanos e os próprios imigrantes, a advogada assistente de campo da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), Bruna Dias Coimbra, apresentou a Acnur, a noção de refugiado e a Cátedra Sérgio de Melo. O Acnur está no Pará desde abril de 2019, com o propósito de fortalecer a resposta emergencial e humanitária de proteção diante do contexto de chegada constante de venezuelanos, indígenas e não indígenas. O papel do Acnur é fortalecer os agentes que estão engajados no acolhimento emergencial.  “Este evento do IFPA é muito importante por envolver várias atividades importantes socialmente. A oferta de Línguas para estrangeiros venezuelanos é relevante dentro do contexto, pois pode haver o desenvolvimento de várias outras atividades que podem abarcar outro público, sobretudo o público migratório e de refugio, como os indígenas da etnia Warao”, avaliou Coimbra.

No início da tarde, o público foi surpreendido com a apresentação teatral feita pela turma do “IFPA incena”, projeto de extensão da professora Rosineide Lourinho, campus Belém. Adaptando o poema de Carlos Drummond de Andrade, “No Meio do Caminho”, o grupo apresentou as várias pedras no caminho da internacionalização e as que desafiam os estudantes no dia a dia. Levaram ao riso, à reflexão e ao choro quem estava presente. “Lemos o que estava sendo proposto como temática do Eninter e elaboramos as cenas com foco nos desafios e estratégias para a internacionalização. Os integrantes do grupo trouxeram também as pedras e muros que existem nos caminhos de estudantes, sensibilizando a todos para juntos buscarmos as soluções”, relatou Lourinho.

Uma roda de conversa debateu a internacionalização e seus desafios. Com mediação da Professora Alessandra Gaia e participação da professora Ana Paula Velásquez, Dr. Féliz Pietro, Ms. Flávio Pimentel, Luzia Jucá, Manoel Garcia Félix Júnior, o IFPA discutiu como conduzir a internacionalização e a necessidade de olhar para os países vizinhos neste processo.

Para motivar os servidores a buscarem realizar mestrado e doutorado no exterior, ao final do Eninter, foram ouvidos três relatos de experiências de professores do IFPA no exterior: Antônia Elizabete Romanovski, Dr. Haroldo Bentes e Dra. Márcia Collinge-.

O professor Haroldo Bentes relatou a experiência em Portugal. Destacou que é índio, que precisou deixar sua tribo em Parintins (AM), ousar acreditar que um caboclo poderia fazer universidade. Teve a ousadia de passar no concurso pra fazer parte da Rede Tecnológica no Tocantins. Buscou aperfeiçoamento, realizou doutorado e um pós-doutorado. Contou que contribuiu e ajudou a Proex a desenvolver as parcerias que permitiram levar dez estudantes para o Instituto Politécnico de Bragança.

A professora de Português e Inglês no IFPA, campus Belém, Márcia Denise da Rocha Collinge compartilhou com os participantes do II Eninter a experiência de ser Fulbright e de levar um pouco de sua cultura para o exterior. “Eu conto minha experiência, explico que Fulbright oferta bolsas para atender professores formados em Língua Portuguesa e bolsas de doutorado, o chamado doutorado sanduíche. Os alunos de Letras do Instituto podem participar, precisa ter o exame Toelf e uma proficiência de no mínimo 527, intermediário alta. É muito importante conhecer quem já fez intercâmbio para saber o caminho das pedras, pode contribuir com outras idéias. Meu orientador esteve em Belém e tem interesse em trazer seus alunos para estudar Português aqui. Tive a oportunidade de trazê-lo para conversar com o Reitor e fazer esta ponte. O objetivo é fazer uma parceria, pois ele e esposa são professores de Português nos Estados Unidos”, adiantou Collinge.

O Pró-reitor de Extensão, Fabrício Alho, reforçou que o Eninter é uma das ações que pode unir vários atores para alcançar a transformação que se deseja. Que é preciso o IFPA caminhar mais no sentido de conseguir a internacionalização dos currículos, a curricularização da extensão e um currículo integrado. “Professor Haroldo e professora Márcia são excelentes exemplos de que todo servidor pode atuar nesta interface com outras instituições”, assegurou.

O evento foi encerrado pela apresentação música de um quinteto de Sopro, grupo formado por alunos e ex-alunos do IFPA, campus Belém, sob regência da professora Weiller Pessoa.

Texto: ASCOM | IFPA Reitoria

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