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IFPA debate temas centrais da sociedade brasileira

 

Seminário aborda o mosaico de cores, etnias, culturas e modos de vida da sociedade brasileira e, em especial, amazônida.

  • Publicado: Quinta, 03 de Outubro de 2019, 15h10
  • Última atualização em Quinta, 03 de Outubro de 2019, 15h35
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Com o objetivo de promover a visibilidade, dar voz e contribuir para a afirmação das diversidades por meio do debate e interlocução com a comunidade que vive e se relaciona às temáticas dos Direitos Humanos, das Relações Étnico-Raciais, Gênero e Diversidade Sexual, Juventudes e Inclusão de Pessoas com Deficiência e ou Necessidades Específicas, iniciou na terça-feira, 1º de outubro, o 1º Seminário de Inclusão e Diversidades do Instituto Federal do Pará (IFPA), com o tema "O direito à educação como direito humano: identidades, saberes, resistências e existências". Trata-se de uma realização conjunta das Pró-reitorias de Extensão e Ensino.

O Seminário, desde a fala dos integrantes da mesa de abertura e da primeira palestra, deixa claro o caráter de espaço para o debate e o aprofundamento acerca das temáticas fundamentais da constituição da sociedade brasileira: o mosaico de cores, etnias, culturas e modos de vida que o fazem tão diverso e ao mesmo tempo tão excludente e desigual, e que atualmente tem avançado pouco, inclusive retrocedendo no que tange a materialização de políticas públicas efetivas e afirmativas no âmbito das Diversidades.

A cerimônia de abertura contou com a presença e fala do Pró-reitor de Extensão, Ms. Fabrício Medeiros Alho, do Diretor Geral do Campus Belém, Dr. Raimundo Otoni Melo Figueiredo e da Pró-reitora de Ensino, Dra. Elinilze Guedes Teodoro.

Professor Otoni ressaltou ser muito importante receber, no início de sua gestão, este evento no Campus Belém. Discutir a diversidade, a inclusão e a educação como direito é essencial em sua visão, pois, ele mesmo, sofrera preconceito por ser ribeirinho e negro. Teve de enfrentar inúmeras dificuldades e lutar pelo direito à educação. Elogiou também o teatro do projeto de extensão “IFPA incena” apresentado na abertura do evento, em que os alunos orientados pela professora Luzineide Lourinho buscaram despertar o público para o fato da a educação não ser esmola, mas direito constitucional.

Este seminário é um evento propositivo, com temáticas relevantes para o contexto institucional. “Somos uma instituição em um Estado extremamente diverso e, por isso, exige que pensemos e trabalhemos políticas inclusivas e afirmativas. A proposta é refletir sobre o que já foi desenvolvido em termos de inclusão e diversidade, e quais devem ser as ações futuras”, ressaltou o Pró-reitor Fabrício.

Ocorre nesta quarta-feira, às 14h, o debate sobre a minuta da Política para o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) que o IFPA, por meio da Proex, está construindo. Para conseguir maior participação e colaboração de todos os campi os organizadores pretendem transmitir o debate via web conferência. Confira toda a programação do seminário: https://www.even3.com.br/inclusaoifpa/

 

Palestra: “Escola, diversidade e direitos humanos”

A palestra de abertura proferida pelo professor Dr. Salomão Antônio Mufarrej Hage, “Escola, diversidade e direitos humanos”, começou pela mística em que, como guerreiro declamava cada frase e em seguida, pausadamente, as repetia. “É um tempo de guerra, é um tempo sem sol. Combinaram de nos matar. Mas, nós combinamos de não morrer”.

Hage trouxe a noção de que educação, enquanto direito, está inserida em uma guerra ideológica e que está sendo transformada em negócio pelos grupos econômicos, assim como já fizeram com o agro, de agricultura, que hoje virou agronegócio. Afirma que a educação é um direito humano inalienável. “Todos, simplesmente por serem humanos, têm direito à educação”, ressalta.

Trata-se de uma batalha de ideias estabelecida em nossa sociedade que envolve a inclusão e diversidade. Mas, a secretaria da educação que cuidava destes temas foi extinta. A ideia é não investir nesta perspectiva, deixando evidente a intenção de silenciar e negar a diversidade. “Busca-se assim apresentar uma outra política para promover a padronização, um currículo único para todos. Para que todos tenham o direito de aprender a mesma coisa. O contrário da diversidade é a homogeneização. É um cerco no sentido do controle. O controle para que as diversidades sejam contidas, silenciadas”, explicou Hage.

O palestrante afirma que ao realizar este seminário, como o nome inclusão e diversidade, o IFPA faz um apelo para que a diversidade fique e a inclusão fique. “Depois que a gente construiu todos estes espaços de articulação, de produção do conhecimento e de organização ligados às diversidades, essa pressão e ataques de todos os lados propõe a ordenação e a disciplinarização das pessoas. Já falam que no futuro, os cidadãos terão o direito de não colocarem seus filhos na escola. Isto está certo? Dizem que vão educar seus filhos em casa com a afirmação de que a escola não é mais um lugar seguro, por ser um lugar cheio de ideologias, que destroem os valores das famílias e das tradições. Tudo isso com o aval do governo. Olhem, é uma batalha das ideias”.

A escola foi criada para socializar com os sujeitos os conhecimentos produzidos pela humanidade para além do seu grupo específico. “Nosso primeiro grupo específico é a família, depois a rua, o nosso bairro, a nossa cidade, o nosso estado, o nosso país. Existem conhecimentos sendo produzidos que extrapolam o âmbito desses territórios. E as pessoas que nos circundam em casa e na igreja, nem sempre conseguem se apropriar de todo este patrimônio cultural, científico e tecnológico produzido pela humanidade. Então, o papel da escola é este, a onde ela estiver, seja no campo, seja na cidade, seja na aldeia indígena, seja no quilombo. O papel da escola é proporcionar o acesso aos conhecimentos que a sociedade produziu”, esclareceu Hage.

Em sua palestra, Hage deixa claro que a escola, ao cumprir seu papel, não impede que as pessoas pensem diferente. Apontou que há diferentes formas de socialização dos saberes e cabe à escola fazer isso de forma dialógica, intercultural, interdisciplinar rompendo com as fronteiras e limites. Mas, denuncia que há pessoas que acreditam que o papel da escola é só socializar os conhecimentos escolares, de forma apolítica, invisibilizando, negando e silenciando outros saberes produzidos pela humanidade, por outros grupos que não são hegemônicos.

Nós somos diferentes, pensamos diferente, nossas diferenças são múltiplas. Não tem como homogeneizar ou padronizar, ainda que haja um movimento bastante forte nesta direção. “É muito importante um momento como este, de reflexão sobre o papel da escola e da educação no sentido da inclusão e do reconhecimento da diversidade, no sentido de compreender a educação como um direito humano. Este evento celebra a diversidade, celebra a inclusão, celebra os direitos humanos. Inclusão, fica! Diversidade, fica! Direitos humanos, ficam! Eles combinaram de nos matar. Mas, nós combinamos de não morrer”, finalizou.

A Professora do IFPA, campus Cametá, Welma Cristina Barbosa Mafra, que esteve presente durante a palestra avaliou como essencial a palestra do professor Salomão Hage. “Neste momento de avanço de uma onda ultraconservadora, como o professor Salomão ressaltou, este evento se faz necessário para promover a inclusão escolar. É importante discutir estratégias, socializar saberes que fortaleçam a escola básica. Por que a escola básica está sendo alvo de um processo de autoritarismo e homogeneização. E esta palestra é importante, principalmente na abertura de um evento como este, pois vai sinalizar o avanço desse conservadorismo sobre a educação básica e buscar as formas do instituto se organizar e propor uma educação de qualidade e democrática”.

O Pró-reitor de Extensão, Fabrício Medeiros Alho, elogiou a palestra do professor Salomão. “O currículo dele mostra que é uma referência no Pará sobre o contexto de inclusão e diversidade. Salomão trouxe uma visão sobre o contexto político, social e amazônico em que vivemos para que a gente possa repensar o nosso papel enquanto instituição de ensino, enquanto formadores de mente crítica, de opiniões, para que a gente consiga formular as melhores estratégias institucionais”.

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