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Sistemas desenvolvidos por alunos do IFPA otimizam Núcleo Previdenciário da Procuradoria Federal no Estado do Pará

Termo de Cooperação Técnica cria vagas de estágios para estudantes, proporciona eficiência administrativa e inovação ao órgão contratante

  • Publicado: Segunda, 08 de Junho de 2020, 20h16
  • Última atualização em Segunda, 08 de Junho de 2020, 20h48
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De modo geral, o estágio é uma etapa obrigatória para a formação técnica ou superior. Trata-se de um período em que o estudante tem a oportunidade de aplicar os conhecimentos acadêmicos e garantir experiência profissional. Por outro lado, quem contrata também se beneficia com a possibilidade de inovar e encontrar soluções pautadas no que há de mais moderno nos cursos profissionais e acadêmicos. O estagiário pode auxiliar na promoção de melhorias de produtos e processos em setores de órgãos ou empresas que o contrata e, direta ou indiretamente, gera economicidade e eficiência. Foi isso que fizeram os estudantes do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS) do Instituto Federal do Pará (IFPA), campus Belém, Carlos Luan Rodrigues da Silva, 23, e Eduardo Luiz Rodrigues Rosa, 26, durante estágio realizado no Núcleo de Desenvolvimento Tecnológico da Procuradoria Federal no Estado Pará (NUTEC/PF-PA).

A Procuradoria Federal no Estado Pará (PF-PA), órgão vinculado à Advocacia-Geral da União (AGU), havia detectado a necessidade de melhoria da eficiência administrativa no que se refere à carga de novos processos jurídicos no Sistema Sapiens, e de otimização das atividades de triagem e distribuição de processos previdenciários frente à crescente demanda processual proveniente das justiças federal e estadual, ante o pequeno número de servidores e procuradores atuantes no Núcleo Previdenciário. Este núcleo era responsável por 68% de todas as atividades judiciais do órgão. Para solucionar isso, o órgão firmou um Termo de Cooperação Técnica com vista à mutua cooperação com o IFPA que possibilitou ofertar duas vagas de estágio para estudantes da área de tecnologia e desenvolvedores de sistemas. O documento, assinado em 14 de março de 2019, possibilitou a seleção dos estagiários e a concretização de um plano de trabalho supervisionado de estágio pelo NUTEC/PF-PA.

O analista de sistemas, supervisor do estágio dos estudantes do IFPA dentro da PF-PA (AGU), Luiz Afonso Barata Pinheiro Júnior, 33, explica que todas as metas estabelecidas no plano de trabalho foram alcançadas. Foram desenvolvidos três módulos em apenas seis meses de projeto. “Realizamos todo o ciclo de desenvolvimento que incluía as reuniões iniciais sobre as necessidades do cliente, levantamento de requisitos, pontos de controles semanais para informar o andamento do trabalho, prototipação, testes, homologação, documentação e treinamento de usuário”.

O sistema utilizado pela PF-PA (AGU), anterior ao acordo de cooperação técnica com o IFPA, se baseava em procedimentos de cadastramento de forma manual ou semiautomático. Exigia um grande esforço de pessoal dedicado no protocolo de recepção e preparação dos processos eletrônicos do Sapens. Demandava dias entre a triagem e distribuição de processos aos procuradores que se subdividiam em subnúcleos, explica o Procurador Federal Liomar Souza Gomes da Silva.

Com os módulos desenvolvidas pelos estagiários Silva e Rosa, sob a supervisão de Barata, os pedidos de pagamentos de benefícios via judicial se tornaram mais eficientes, a PF-PA (AGU) conseguiu um melhor aproveitamento da mão de obra e teve um ganho exponencial. “Tínhamos 9 pessoas se dividindo para realizar uma mesma tarefa. Hoje, a plataforma de triagem é operada por uma única servidora que tria e distribui em média 11 mil processos/ mês. A plataforma de sistemas foi entregue em janeiro de 2020 e de lá pra cá toda nossa demanda judicial chega às mãos dos procuradores de forma automatizada em tempo recorde de 24 horas. Na maioria dos casos bem antes disso. Os servidores foram realocados para outras atividades pelo menos 03 procuradores federais, 2 servidores administrativos e 3 estagiários”, descreve Barata.

 

 

Mark e Samir

Ao longo do estágio foram desenvolvidos quatro módulos de programação, o sistema Mark, composto por três módulos e a Samir, composto por um módulo.

Para nomear os sistemas que desenvolveram, Barata, Rosa e Silva, antes de tudo sempre adotaram a técnica de dinâmica de grupo denominada brainstorming, aquela reunião para chuva de ideias, buscando nomes de personagens com similaridade às funções do sistema. “Nossos projetos foram todos nomeados de acordo com personagens literários, seja dos clássicos ou da cultura pop. Levamos em consideração o quê cada plataforma vai fazer. Mark é o nome da armadura que transforma o Homem de ferro, personagem dos quadrinhos, em super herói. É justamente a premissa do projeto. O que você pode fazer se lhe dermos superpoderes? … E é isso que o projeto Mark faz, dá o poder de 9 pessoas a uma só”, revela Barata.

O próximo projeto a ser entregue pelos estagiários será o Samir. Este sistema realizará cálculos previdenciários. Ele se chama Samir em homenagem ao personagem principal do livro o Homem que calculava, Beremiz Samir. “Porque é um robô que automatiza os cálculos em fração de segundos, algo que requeria muito tempo dos contadores”, ressalta Rosa.

O Samir suprirá a demanda de cálculos de implantação de benefícios. “O sistema capturará essas variáveis em lotes de processos e realizará o cálculo. Antes, cada processo precisava ser encaminhado a um contador que calculava unitariamente cada correção de valores dos benefícios. E mandava para o INSS para implantação. Quanto mais lenta era a definição dos valores, mais tempo um beneficiário demorava para receber. Fazendo isso em lote automatizado diminuímos o tempo de espera que o cidadão tem para receber seu benefício pelo INSS”.

“Hoje o aplicativo Mark encontra-se em expansão aos demais núcleos da PF-PA, e em utilização experimental no âmbito da Procuradoria-Regional Federal da 1ª Região. Diante dos resultados positivos do Projeto Mark, implementou-se o Núcleo Tecnológico da PF-PA com a política e objetivo de pesquisar, desenvolver e aplicar ferramentas de informática automatizadas com o intuito de otimizar as atividades administrativas e jurídicas de processos judiciais no âmbito da PF-PA em colaboração com as demais unidades da PGF”, informa o Procurador Liomar Souza Gomes da Silva.

Diante dos resultados, o Procurador Gomes da Silva espera dar continuidade ao acordo firmado entre as duas instituições. “O acordo de Cooperação Técnica institucional firmado entre a PF e a IFPA tornou-se um meio excepcional de desenvolvimento de ferramentas tecnológicas de otimização das atividades jurídicas e administrativas da PF-PA e da própria PGF. A continuidade desse termo de cooperação atualmente é uma das ações prioritárias do plano de ação da PF/PA”.

Quanto aos estagiários, Barata afirma que eram comprometidos, tinham alto-astral, eram criativos nas soluções e com perfis profissionais adequados à cultura da PF-PA, além de manterem bom relacionamento interpessoal. “Os professores Cláudio Martins e Andracir, do IFPA Campus Belém, foram muito felizes na seleção dos estagiários. A sinergia entre a instituição de ensino e o governo federal tem muito potencial para ser ampliada e render excelentes frutos, afinal, todo benefício conseguido para otimizar a prestação de serviços reflete diretamente em benefícios para sociedade, pois o serviço público tem o cidadão como principal cliente e beneficiário”.

 

Avaliação Geral

Em 23 de janeiro deste ano, durante a apresentação dos resultados alcançados em seis meses de estágio, os estudantes surpreenderam a todos com o ganho de eficiência administrativa gerado pela entrega do Sistema Mark e das próximas etapas que na época ainda seriam desenvolvidas. Na ocasião, os jovens explanaram sobre o uso de redes bayesianas para classificação de documentos e o plano de negócio adotado no desenvolvimento do projeto. Satisfeito com o êxito de Rosa e Silva, o Pró-reitor de Extensão do IFPA, Fabrício Medeiros Alho, explica que o estágio é uma fase muito importante para o futuro profissional do aluno. “Consideramos estratégicas as parcerias que possibilitam aos nossos discentes a imersão no mundo do trabalho, aproximando-os da prática profissional e permitindo uma relação dialógica com ecossistemas de negócios. Temos a clareza que essas possibilidades de estágio contribuem, de forma significativa, para o processo formativo discente no IFPA”.

O Professor Claudio Roberto de Lima Martins, responsável pela seleção e orientação da dupla, relembra que a participação no estágio era restrita aos alunos do 3º e 4º semestres do curso de TADS. Para a seleção foi aplicada uma prova sobre as tecnologias básicas e programação em Java. “Eles eram os dois melhores pela pontuação alcançada”, esclarece.

“Após passar por um treinamento de 20 h, eles foram orientados por mim a seguir um plano previsto no convênio. Depois que eles assumiram o estágio, foram acompanhados pelo Sr. Afonso, da AGU. Eu falava remotamente com eles e o Afonso. Mas, com a evolução do projeto e o amadurecimento dos alunos, eles demonstraram ser autogerenciáveis e proativos. Apesar de eu ter guiado inicialmente nas ferramentas, eles próprios encontraram a melhor solução pesquisando, estudando e trocando ideias com outros professores do curso TADS”.

O estudante Rosa conta que se interessou pelo estágio por se tratar de automatização de sistema. Relata também que aprendeu mais técnicas de programação e novas tecnologias de desenvolvimento ao longo do estágio. “Depois de mais ou menos 6 meses de testes e desenvolvimento, terminamos uma versão ‘final’ do software do robô Mark, que até hoje continua sendo aprimorado de acordo com as necessidades da AGU”.

O estágio durou 11 meses, com carga horária de 4 horas por dia. Sobre a primeira fase, onde se analisa os requisitos do sistema para identificar as necessidades do cliente, Silva comenta que foram fundamentais as orientações de Barata. “Nós tínhamos reuniões constantes com os procuradores, buscávamos entender as dificuldades e o ambiente para podermos oferecer a solução ao sistema. Hoje se têm 4 plataformas que entregam essa carga de processos por dia. Para chegar a isso, contamos com a supervisão do Sr. Luiz Afonso Barata que nos guiou nessa fase de identificar os problemas da procuradoria”, resume Silva.

Rosa e Silva estão no último ano do curso de TADS e juntos fazem o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre utilização de inteligência artificial para classificar documentos jurídicos .  “Foi ótimo ter essa oportunidade na PF-PA. Aprendemos muito. Conhecemos novas tecnologias, tivemos a experiência de trabalhar num ambiente real de desenvolvimento. Recebemos suporte dos colegas e professores. Só temos avaliações positivas. Foi importante pra nossa formação acadêmica, para ter mais experiência no mercado de trabalho e pra nos motivar a continuar estudando”, afirmam.

“Claudio e Andracir são ótimos professores. Me orientaram o tempo todo e indicavam livros, vídeos e informações de tecnologias e ferramentas que poderiam nos ajudar. O professor Andracir é nosso orientador no TCC. Ele nos informou sobre o processo de seleção do estágio”, ressalta Rosa.

Silva avalia que este estágio foi muito importante para seu autoconhecimento. “Eu tive a oportunidade de fazer outros cursos mas não cheguei a concluí-los, pois não me via naquelas profissões. E o estágio me fez entender que essa carreira de agora é o que eu quero seguir. O estágio não só abriu meus olhos para as possibilidades do mercado, como me fez querer ainda mais seguir na área de tecnologia e desenvolvimento”.

 Aos futuros estagiários do IFPA na AGU, Silva faz algumas sugestões. “Se esforcem, estudem, deem o seu melhor, pois não existe maior satisfação do que ver os usuários utilizando o sistema desenvolvido pela gente e felizes com isso. Agradeço em especial às pessoas que nos auxiliaram. A Milena Braga, uma estagiária que tirava nossas dúvidas jurídicas, à Nila Costa que foi a nossa usuária teste e é quem utiliza o Mark. Ao professor Claudio Martins por nos dar a oportunidade de participar desse maravilhoso estágio”.

 

 

 

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