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De menina a cientista – Desafio Meninas na Ciência

  • Publicado: Terça, 23 de Fevereiro de 2021, 18h23
  • Última atualização em Terça, 23 de Fevereiro de 2021, 18h23
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Para comemorar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado no dia 11 de fevereiro, conversamos com as vencedoras do Desafio Meninas na Ciência 2020 realizado pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PROPPG) do Instituto Federal do Pará (IFPA)  dentro do Seminário de Iniciação, Científica Tecnológica e Inovação (SICTI).

Natural de Natal, Rio Grande do Norte, desde os 10 anos, Liz Carmem Silva-Pereira desejava ser cientista para encontrar remédios para as doenças. De menina a cientista, foi preciso dedicação aos estudos sempre reservando tempo para a família, namoro, casamento, gravidez, filhos, viagens, mudanças de estado e de universidade. Bacharel e licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Mestra em Biologia Molecular pela UFRN, Doutora em Neurociências e Biologia Celular pela Universidade Federal do Pará (UFPA), ela hoje reside em Itaituba.

Em 2007, ela recebeu o Título de Cidadã Itaitubense pelos serviços científicos e acadêmicos prestados. “De 2003 a 2010, fiz parte do Corpo Docente da Faculdade de Itaituba, primeira faculdade particular do Município, onde fiz parte da equipe que a organizou e a aprovou junto ao MEC. Fui tutora presencial do Curso Técnico em Aquicultura no polo de Itaituba no e-Tec Brasil em 2008, que mais tarde se tornaria o IFPA”, comenta.

Em 2010, concretizou o sonho de ser cientista por meio da aprovação no concurso para docente em Biologia no IFPA campus Itaituba onde atua em Biologia Celular e Genética. “Mas, devido à formação em Meio Ambiente, e ao viés da tese de doutorado, também atuo na área de Epidemiologia e Saúde Pública”, esclarece professora Liz Carmem.

Liz Carmem garante que a pesquisa tem um papel muito importante em sua trajetória. “Sou movida pela busca do novo, e as explicações do antigo. Fazer ciência é o meu combustível. Especialmente porque vinculo a pesquisa ao ensino, uma vez que uso como principal metodologia de ensino a pesquisa como princípio educativo”.

A vida da pesquisadora, assim como a de tantas outras cientistas, revela que o papel da mulher na Ciência é fundamental para promover a igualdade de direitos e oportunidades, sendo a pesquisa um dos principais caminhos para o protagonismo feminino. “Competição eu deixo para as quadras, piscinas e dojôs. Porém, a pesquisa é local para colaboração. Costumo dizer que inteligência é atributo humano, independentemente de gênero”, ressalta professora Liz Carmem.

“Na minha trajetória científica, até aqui, sempre que surgiu qualquer questão de ‘competição de gênero‘ ou de outra natureza, busquei resolver cientificamente. Até aqui, nunca fui desqualificada por ser mulher. Apesar de que, dizem que sou muito determinada em minhas ações.  Talvez isso tenha me dado alguns anticorpos sociais”, expressa sorrindo professora Liz Carmem.

No Campus Itaituba, Liz Carmem relata que vê muitas meninas na ciência, embora nos congressos científicos, nem sempre haja grande protagonismo feminino. Afirma que em sua área de trabalho já predomina a atuação das mulheres, porém, antigamente, admite que predominava mais homens. “Na equipe que eu coordeno, temos mais mulheres. Sempre busco, no mínimo a paridade. Mas tenho feito o possível para trazer mais é mais meninas para a Ciência”. E garante que há bons pesquisadores meninos se destacando no IFPA e que vem aumentando o número de projetos propostos e realizados por meninas, em especial, após o início da gestão de Ana Paula Palheta à frente da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação. Não é possível falar de Meninas na Ciência sem lembrar-nos dela”, assegura.

Na opinião de Liz Carmem, o Desafio Meninas na Ciência é muito importante por dar mais oportunidade e visibilidade às pesquisas desenvolvidas pelas meninas no IFPA. “Muitas meninas, ao verem as colegas no desafio, sentem-se encorajadas a seguirem o mesmo caminho. E isto é maravilhoso”. A visibilidade que o Desafio Meninas na Ciência gera para as pesquisadoras já é um prêmio na visão das participantes. “Eu nem acreditei quando vi o resultado. Não nego, foi um momento mágico. Chorei com a vitória dela. Eu sou boba com a vitória dos meus orientandos. Entendo que fazer parte do desafio já é a primeira vitória, ali não existem perdedoras”.

Para as mulheres, não existe nenhum problema em conciliar estudo, vida pessoal, maternidade e ciência.  “Por que a Ciência é algo muito nosso e que fazemos para os outros. Eu trabalho na Ciência como exercício de amor ao próximo.  E isso, não é algo que possa "atrapalhar" em nada as outras atividades femininas. Porém mundo do trabalho ainda não está preparado para a inclusão da mulher, infelizmente. Direitos assegurados à mulher para que possa ter igualdade no seu fazer profissional ainda são vistos como regalias. Isso é muito negativo”, conclui professora Liz Carmem.

Com o projeto “Uso de docking molecular para triagem no redirecionamento de fármacos contra covid-19: revisão sistemática de uma corrida contra o tempo e contra a morte” a estudante de Licenciatura em Ciências Biológicas do IFPA campus Itaituba Karolayne de Carvalho, 24 anos, sob orientação de professora Liz Carmem, foi a vencedora do Desafio das Meninas na Ciência 2020.

Karolayne comenta que a ciência e a pesquisa mudaram sua vida abrindo um universo de possibilidades de conhecimento no mundo científico e proporcionando oportunidades de ajudar a sociedade através da ciência. Seu despertar enquanto cientista ocorreu a partir da observação de diversos problemas em seu entorno e cotidiano, e principalmente no cenário atual de desastres ambientais, pandemias e escassez de recursos naturais. Ela compreende que a ciência pode dar as respostas e inúmeras possibilidades para solucionar as problemáticas e questões enfrentadas a nossa volta.

“Fazer ciência no Brasil é um grande desafio, devido ao atual cenário de falta de incentivo à pesquisa, mas ao mesmo tempo é uma grande satisfação, pois mesmo diante de todos os desafios continuamos firmes utilizando todos os recursos possíveis e obtendo ótimos resultados”, assegura Karolayne.

A aluna garante que vale apena fazer pesquisa, se dedicar aos estudos e à ciência apesar dos vários obstáculos que são impostos às mulheres diariamente. “Temos jornadas duplas de trabalho, enfrentamos o preconceito que ainda existem com relação a atuação profissional da mulher na ciência. Digo às meninas para que insistam e invistam em suas trajetórias acadêmicas. O conhecimento é única coisa que não nos pode ser tirada”, orienta.

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