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IFPA Publica Dois E-books de Tecnologias Educacionais

  • Publicado: Quarta, 10 de Março de 2021, 15h39
  • Última atualização em Quarta, 10 de Março de 2021, 16h13
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Afrofuturismo é base de obras desenvolvidas no Campus Belém voltadas para formação e capacitação de professores

   O reconhecimento da ancestralidade, resistência e beleza cultural dos povos africanos é o propósito das tecnologias de ensino desenvolvidas por alunos dos cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas, Geografia, Matemática, Letras e Pedagogia do Instituto Federal do Pará (IFPA) campus Belém. Todos os protótipos e passo a passo foram organizadas em dois e-books:  Tecnologias educacionais afrofuturistas na formação de professores eA formação do pedagogo mediada por tecnologias educacionais afrofuturistas. Os livros estão disponíveis no portal da Educapes com licença creative commons.

   Pensadas para subsidiar os professores na formação inicial ou continuada, as  obras são resultantes de atividades desenvolvidas na disciplina Educação para Relações Etnicorraciais (Erer) ministrada pela professora Helena Rocha. Ambas trazem tecnologias elaboradas a partir da perspectiva do movimento afrofuturista. “São como armas contra-hegemônica por uma educação antirracista com a produção de tecnologias educacionais usando suas quatro características básicas: ancestralidade, tecnologia, autonomia/empoderamento e futuro possível. Para usar a arte afrofuturista aqui escolhemos a literatura por meio da autora Lu AinZaila e sua obra Sankofia para transversalizar a Educação para Relações Etnicorraciais com os conhecimentos específicos das licenciaturas em Pedagogia, Ciências Biológicas, Geografia, Letras e Matemática”, afirma.

   A Professora Helena Rocha explica que as tecnologias educacionais que o IFPA reuniu nos livros digitais podem ser utilizadas pelo educador em suas práticas docentes ao fazer a transposição didática, podendo adaptar novos conteúdos aos protótipos disponibilizados. “No livro constam os materiais, as regras, tamanhos, apêndices com cartas, perguntas. O professor tem um leque de opções para implementar a transversalização da diversidade etnicorracial em sala de aula”, orienta.

   Como tudo na sala de aula não surge do nada e de uma hora para outra, a construção das tecnologias reunidas nas duas obras tiveram a duração de um semestre inteiro, com pré-testes, testes, construção de protótipo com material alternativo, até chegar na versão final e escrever o manual de utilização. “Essa confecção destes e-book é uma forma de divulgar essas produções que fazemos em sala de aula, no IFPA Belém, desde 2011. E os alunos, além de utilizar as tecnologias na residência pedagógica, PIBID e no estágio obrigatório, tem um potencial de escrita de artigos e do próprio e-book para usar em uma pontuação, por exemplo, em um mestrado, ao sair de nossa instituição”, avalia a professora Helena Rocha.

   Matheus Carvalho de Abreu Rodrigues, 23 anos, do oitavo semestre de Licenciatura em Geografia, um dos autores do livro Tecnologias educacionais afrofuturistas na formação de professores”, comenta que o livro lhe proporcionou um entendimento maior acerca da importância da interdisciplinaridade, sobre a necessidade de usar novas formas de ensinar geografia e ter um pensamento mais abrangente a respeito da educação anti-racista por meio de tecnologias educacionais.

   Atuando como professor em um cursinho popular no Bairro da Pratinha, Região Metropolitana de Belém, o “Unitodos”, Matheus explica que o e-book é muito importante por sua temática e função social, apresentando matérias educacionais como ferramentas de luta contra o racismo.  “A obra aborda um processo educativo não-racista e anti-racista, com o intuito de valorização da historicidade do continente africando com foco na desconstrução da visão colonialista, com uma perspectiva de futuro, tecnológica e de empoderamento para homens pretos e mulheres pretas”, avalia.

   “No processo de ensino-aprendizagem, o aluno terá momentos de reflexão e conscientização sobre os temas discutidos em sala. O diferencial desse e-book é sua temática afrofuturista, um movimento estético, político, crítico, plural e multifacetado. Trata-se de uma narrativa com possibilidade de imaginar futuros possíveis usando uma lente cultural negra africana. Pensamos o afrofuturismo como uma forma de rever o passado para além da escravidão”, ressalta Matheus.

    Igor Cristian Souza da Silva, 23 anos, concluinte do curso de Pedagogia, comenta que a obra reúne conhecimentos capazes de potencializar a educação no país. Ele é responsável pelo desenvolvimento de duas tecnologias educacionais apresentadas no e-book  A formação do pedagogo mediada por tecnologias educacionais afrofuturistasidentivisidade um jogo de cartas sobre a relação de reconhecimento e construção identitária, composto por personagens africanos ou de origem africana de grande protagonismo na sociedade, demonstrando formas de um futuro possível como preconiza o afrofuturismo; e a HQ afrofuturista digital diferenciada justamente por abordar uma história afrofuturista—. Ambas foram desenvolvidas em parceria com Andrey Luiz Souza de Brito,

   Francyany Gustausen Moraes, Gustavo Monteiro Santiago, Mikaelly Bordalo de Oliveira e Moyena Medeiros Lobato.

   Sobre o aprendizado com estes dois trabalhos, Igor comenta ter sido uma oportunidade ímpar de melhorar sua percepção enquanto futuro educador. “Passei a entender que todos podem contribuir para uma educação mais cidadã e menos tecnicista, haja vista, que na concepção da HQ tive a oportunidade de trabalhar com uma aluna de engenharia de materiais do campus, com a qual aprendi e ensinei. Pois é assim que vejo, a educação como um espaço de troca de conhecimentos constante e que sempre deve estar de portas abertas para as contribuições de outras áreas do conhecimento”.

   Na avaliação da estudante do oitavo período de Licenciatura em Pedagogia, Pamela Cristina Oliveira Santana, todos deveriam ter a oportunidade de estudar sobre as relações étnico raciais e o afrofuturismo, temas com os quais teve contato durante a disciplina de Educação para as Relações Éticos-raciais  (Erer) ministrada pela professora Helena Rocha. “Essa disciplina me trouxe uma visão melhor sobre esses temas. Foi um cortar e remendar de muitas coisas que eu acreditava, me fez analisar como tenho enxergado questões tão importantes, que tipo de profissional quero ser e o que quero levar e construir com meu aluno. Durante as atividades, eu fiz a produção do tabuleiro com a minha equipe, montagem e criação. Pensamos juntos em um jogo que pudesse unir tudo que a gente aprendeu em sala e a aplicação prática dele no dia a dia”, resume.

   Os e-books são ferramentas que auxiliam o pedagogo a ver além do óbvio, fazendo da criatividade uma prática diária em suas aulas, transformando a sala de aula em um ambiente de trocas e oportunidades de conhecer o novo. “Vivemos em tempos que precisamos muito envolver a tecnologia com a educação, sejam nas práticas escolares do mais novos até em como ela pode facilitar o ensino de diversas maneiras. Este e-book veio com essa proposta inovadora realizada pela professora Helena, onde o professor regente de sala pode se deparar com possibilidades de fazer uma aula para além do óbvio, se inspirar, criar e sair da sua zona de conforto. A disciplina de Erer foi sem dúvida uma das mais ricas que tive a oportunidade de estudar. Nós percorremos um longo caminho até o resultado final. Nós aprendemos sobre o quão forte é a literatura afro, toda a força que carrega e o quanto é essencial na educação dos nossos jovens e crianças. Se eu pudesse dar uma dica aos professores em formação, seria a de aproveitar a leitura desse e-book, enquanto fonte inesgotável de conhecimentos, e de abrir os olhos da mente para o novo, sem medo. Precisamos enquanto educadores nos desafiar todos os dias, pois o fazer educacional é mutável, tecnológico, criativo e essencial”, ressalta Pamela.

   As tecnologias propostas nos e-books, na visão de Pamela, podem ser adotadas em salas de aulas de turmas a partir do fundamental, nas séries do 4° e 5° ano, quando os alunos estão em uma fase de descobertas, são curiosas, abertas ao novo. “Com certeza eles vão gostar muito dos jogos e do que o afrofuturismo tem a oferecer. Mas isso não é uma regra, os alunos da EJA também seria um ótimo público, eles já carregam muito conhecimento e, quando o professor traz algo diferente, eles gostam bastante, se sentem importantes. Eu indico para os pedagogos que estão atuando em sala de aula nessas áreas”, conclui.

Resenha das obras

 “Tecnologias educacionais afrofuturistas na formação de professores”

Voltada para professores do ensino fundamental e médio, a obra tem 240 páginas, com conteúdo dividido em quatro capítulos. Sua produção envolveu 73 alunos dos cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas, Geografia e Matemática. Ao todo, eles desenvolveram 15 tecnologias agrupadas por curso:

-Formação de Professores em Geografia: Afroterritorialidade, Caçadores da História Perdida, AFRIKA, GeogrÁfrica Question e Bayo

-Formação de Professores em Matemática: Roleta Dynamis, Mancala Fracionário, Shisima, Tabuleiro Algébrico e Tabuleiro Africano.

-Formação de Professores em Ciências Biológicas - Genética: uma viagem histórica e social, Aplicativo KENNIS, Os segredos do faraó: brincando com a Genética, Poderes de Ossaim e Tabuleiro “Shisima”.

A formação do pedagogo mediada por tecnologias educacionais afrofuturistas

Pensado para os professores que lecionam nas séries iniciais, até o quinto ano do ensino fundamental, educação infantil e educação de jovens e adultos (EJA), este e-book reúne trabalho de 48 estudantes. O prefácio da obra foi escrito pela pedagoga Luciene Marcelino Ernesto, a Lu Ain-Zaila, escritora afro-brasileira de ficção científica e literatura fantástica, ativista social e referência afrofuturista/sankofista. Com um total de 181 páginas, o conteúdo foi organizado em dois capítulos:

-A formação do pedagogo mediada por tecnologias educacionais afrofuturistas

-Produção de tecnologias educacionais afrofuturistas na Pedagogia: Senet do Tempo, Tabuleiro Leste-Oeste, Identivisidade, Território e Diversidade Cultural, Conhecendo o Brasil, Tabuleiro “Sankofa”, Redescobrindo as Tradições Africanas, Livro Interativo “Segue o Som”, Phinda Ubhale, Bingo da Diversidade Cultural.

 

A Professora Helena Rocha orientou os estudantes e organizou as duas obras.

 

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