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Dia dos Povos Indígenas: Alunos indígenas do IFPA destacam a importância da data e da educação

  • Publicado: Sexta, 23 de Abril de 2021, 19h08
  • Última atualização em Sexta, 23 de Abril de 2021, 19h14
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Em vários países do continente americano, o dia 19 de abril foi escolhido para celebrar o Dia dos Povos Indígenas. A data remete ao Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado nesse mesmo dia, no ano de 1940. Mais do que uma comemoração, a data levanta o debate acerca das várias pautas relacionadas à situação dos povos indígenas, buscando zelar pelos seus direitos. O Dia dos Povos Indígenas é de grande importância, pois, como destacam alguns alunos do Instituto Federal do Pará (IFPA), a desvalorização e o desrespeito que os povos indígenas sofrem até hoje são frutos da falta de conhecimento acerca da cultura e da realidade indígenas, então é preciso falar sobre o assunto, informar.

“Nosso dia é muito importante para nossa dança, nossa festa, mostrar a nossa cultura e que a nossa cultura permanece firme, porque dentro das aldeias nós falamos a nossa língua, por isso que a nossa cultura e a nossa dança são muito importantes para as nossas crianças. Mostrar pro branco que não conhece a nossa cultura, não conhece a nossa realidade, por isso que a cada ano a gente comemora o nosso dia, para ensinar os nossos filhos, para que no futuro permaneça a nossa história”, afirmou Moroyroa Parakanã, aluno do Curso de Magistério do IFPA Campus Marabá Rural.

“O dia do indígena é importante para mostrar a existência e resistência dos Povos Indígenas, mesmo diante de tanta violência, genocídio e preconceito contra os Povos Indígenas”, complementa Francivaldo de Freitas, acadêmico do Curso de Especialização em Educação do Campo, Agricultura Familiar e Curriculo, ofertado pelo IFPA em São Geraldo do Araguaia, ele mora na Aldeia Yetá, Terra Indígena Sororó do Povo Indígena Suruí Aikewara.

Cleane Munduruku, do Curso Técnico em Informática do Campus Itaituba, também ressalta a importância da data. “O dia do índio é considerado um dia especial que homenageia os indígenas como motivo de reflexão sobre os valores culturais dos povos indígenas e importância da preservação e respeito a esses valores, pois foram primeiros habitantes do Brasil”, afirma.

Educação

O IFPA está de portas abertas para os povos indígenas em todos os seus campi e cursos e, desde 2020, também leva formações até algumas aldeias da região sudeste do estado. O Campus Marabá Rural oferta Cursos Técnicos de Nível Médio em Magistério e Agroecologia, na forma integrada, para indígenas jovens e adultos. As aulas ocorrem dentro da própria Terra Indígena, nos municípios de Novo Repartimento e Itupiranga. Ao todo, foram 101 indígenas aprovados no processo seletivo, abarcando cerca de 15 aldeias.

Os cursos são frutos de um Acordo de Cooperação Técnica entre o IFPA e a Fundação Nacional do Índio (Funai), firmado em setembro de 2019, com vigência de dez anos, cujo o objetivo é a cooperação técnica-científica, administrativa e operacional entre as instituições, visando à implantação e oferta de cursos de formação profissional nas modalidades e níveis da educação profissional, prioritariamente cursos técnicos na forma integrada, com vistas a atender às demandas e necessidades específicas de formação aos povos indígenas no âmbito do Estado do Pará.

A construção dos cursos de Magistério e Agroecologia se deu através de visitas periódicas feitas pelo IFPA e a Funai à Terra Indígena Parakanã, durante o ano de 2018. Foram realizadas reuniões com as lideranças das aldeias dos municípios de Novo Repartimento e Itupiranga, para a escuta acerca do formato dos cursos demandados. As ações educacionais a serem realizadas são orientadas pela perspectiva intercultural e visam dialogar com as pedagogias indígenas, considerando saberes e práticas tradicionais e formas próprias de organização social.

Wero Parakanã, da aldeia Maroxewara, é um dos alunos do curso de Magistério, ofertado no município de Itupiranga. Ele destaca a importância da formação para o seu povo. “Pra mim, o curso de magistério indígena é muito significante e simbólico, porque desse curso vamos nos preparar melhor para lidar na sala de aula com os nossos jovens, as nossas crianças, registrar a nossa história, o nosso mundo, a nossa forma de organização, com as danças, as festas, os costumes, nossas formas de decisões, nossas formas de sermos indígenas. Nós podemos falar melhor de nossa história nós mesmos, seremos os senhores de nossa história, falando em escrita, publicando, pra que os brancos possam conhecer, respeitar e valorizar o nosso mundo”.

O discente também ressalta que a falta de respeito com os povos indígenas é decorrente da ignorância. “Eu acredito que os brancos não respeitam, não valorizam pelo fato de não conhecerem, pelo fato do mundo indígena ser oculto e com esse curso nós podemos mostrar ao mundo que nós indígenas temos uma história viva, uma cultura que merece ser vista, merece ser mantida viva. De toda a história da humanidade não tem sequer um livro falando bem dos povos indígenas, poucas pessoas conhecem os povos indígenas, aqueles que se interessam em conhecer os indígenas, muitas vezes falam de uma forma deturpada sobre o mundo indígena, mas nós indígenas, a partir do momento que esse curso entrou, nos trouxe as portas, as páginas novas para serem vistas, para serem desenhadas, faladas por nós mesmos indígenas”.

O ensino acontece em dois tempos, o tempo escola, realizado nos dois postos, localizados dentro da Terra Indígena, onde todos os alunos se reúnem para as aulas, e o tempo aldeia, momento em que eles voltam para suas comunidades a fim de fazerem pesquisas e trabalhos fomentados nas aulas. O Programa Parakanã, junto a Funai, ficou responsável pelo deslocamento dos professores até as aldeias e pela permanência deles lá. As aulas iniciaram no dia 10 de março de 2020, no entanto, devido à pandemia, precisaram ser suspensas para preservação da saúde dos indígenas. Assim que a situação se normalizar, as aulas serão retomadas.

 

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