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Livro dialoga sobre as relações de gênero e as experiências de mulheres em cargos de gestão da Rede Federal

  • Publicado: Terça, 16 de Novembro de 2021, 15h30
  • Última atualização em Terça, 16 de Novembro de 2021, 15h30
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Mãe de duas meninas, a cientista social e professora titular do Instituto Federal do Pará (IFPA), Dra. Ana Paula Palheta Santana, na busca de compreender o ser humano em suas relações de trabalho e no cotidiano, publicou o ensaio “Entre discursos e fatos: gênero e gestão na Rede Federal”. A obra rompe com o silêncio em torno do tema na Rede e lança luz sobre as “Relações de gênero no mundo do trabalho” desnudando as assimetrias na ocupação de cargos e posições de destaque. Com um enredo focado nas questões atuais, a pesquisadora neste trabalho científico e acadêmico convida à reflexão sobre os papéis no “estar” na gestão a partir da perspectiva das mulheres, suas dificuldades e trajetórias profissionais. Tece diálogos sobre a construção de estratégias de superação dos obstáculos encontrados para a atuação feminina em um patamar ocupado predominantemente por homens.

Publicado pela Editora Atena, em maio de 2021, com prefácio da Doutora em Educação Brasileira Ana Maria Leite Lobato, o livro aponta que a mulher estar no serviço público é um ato de resiliência à dupla jornada vivenciada por elas e de superação às descriminações, estereótipos, rotulações e boicotes arraigados e expressados pelos sujeitos na perspectiva de desqualificar o trabalho feminino. Em cinco capítulos concisos, a autora, em primeira pessoa, compartilha suas reflexões sobre as diferenças de gênero no desempenho de uma função de gestão.

Na Introdução a pesquisadora explana seu local de fala, o campo das Ciências Sociais, revela também que abordará o tema a partir da própria vivência enquanto gestora na Rede Federal. Relata que a experiência pessoal e profissional a fez perceber que, quanto mais se alça patamares hierárquicos elevados na esfera federal, menos rostos femininos são enxergados. A obra investiga as relações de gênero e se propõe a apresentar, a partir de entrevistas e diálogos, a percepção das mulheres sobre as oportunidades, os desafios e os ganhos que elas possuem participando da gestão em uma das unidades da Rede Federal de Educação.

Na segunda parte explica a metodologia adotada. De forma didática, clara e simples, comenta as técnicas utilizadas e o espaço em que ocorre a pesquisa. No referencial teórico revela o percurso e leituras feitas resgatando fatos históricos para a compreensão da diversidade de gênero. Para a análise e construção dos perfis, entrevistou servidoras públicas de todas as regiões do Brasil, recebendo respostas de 15 Estados. Os resultados foram compartilhados em gráficos e explicações detalhadas.

Em Relações de Gênero no Mundo do Trabalho trata da discriminação e os estereótipos, gênero e liderança na contramão da História, construção de carreiras, gestão feminina e o lugar do Coletivo. Coloca a liderança feminina como alternativa para o crescimento e fortalecimento da Rede Federal de Ensino. E por fim, em Construção de Carreiras, indica que experiência e preparo são as bases da atuação feminina em cargos de gestão na Rede Federal. A pesquisadora conclui que as diferenças de atuação das mulheres em cargos de gestão são resultantes do acúmulo de experiência; investimento em preparo e, sobretudo, a ideia de um trabalho voltado para o coletivo.  Elucida a existência de uma forma de gerir que é acentuada quando há mulheres na gestão. A análise das respostas revela que a gestão feminina demonstra preocupação em engajar pessoas ouvindo o que elas têm para falar, deliberando sobre as matérias e avaliando qual a decisão que melhor atenderá a maior parte da comunidade em que atua. “As mulheres são enxergadas na sociedade como pessoas para cuidar de outras. Porém, na esfera institucional são obrigadas a encontrar formas de operar de forma que não sejam consideradas “emocionais” demais e tão pouco “inabilidosas” demais”, ressalta Ana Paula no texto.

A leitura da obra permite ao leitor e leitora conhecer e compreender as diferenças existentes entre o modelo de gestão feminino e o modelo masculino. A autora deixa claro que não se trata de ter mulheres na gestão, mas de desenvolver uma gestão carregada de traços e características próprias das mesmas. A revisão bibliográfica revela que em cada pessoa há traços masculinos e femininos ao mesmo tempo e estes podem ser desenvolvidos conforme as exigências dos cargos ocupados. Porém, nas mulheres essa percepção e sensibilidade focada na solução dos problemas e na demonstração de sentimentos seria algo natural, que não necessariamente precisa ser aprendido, pois é inato, próprio deste gênero. Porém, de forma cuidadosa, a autora alerta o leitor e leitora para não caírem nos estereótipos sobre comportamentos de mulher ou um homem. Os perfis masculinos e femininos podem ser desenvolvidos e não são próprios do sexo biológico. Para facilitar o entendimento e ilustrar a visão defendida, a autora traz exemplos. “O êxito das mulheres em suas carreiras é resultante da preparação emocional, demonstração de equilíbrio, maturidade, autoridade técnica e conhecimento em gestão. As mulheres em cargos de gestão enfrentam o desafio de provar constantemente a capacidade e isto favorece a capacidade de pensar coletivo”, garante Ana Paula.

A partir das falas das interlocutoras, a autora evidência os dois eixos fundamentais para alcançar os patamares na gestão. As experiências anteriores as prepararam de forma emocional – “equilíbrio” e “maturidade” – e técnico –“conhecimento da gestão” –. “As mulheres que atuam na gestão da Rede Federal possuem dificuldades e trajetórias similares as demais de ambientes corporativos, mas possuem traços de distinção quanto ao modo de se contrapor ao sistema, tais como fortalecer o coletivo e a entrega de melhor resultado(s) na gestão”, ressalta Ana Paula.

Sobre os resultados, Ana Paula aponta que a liderança feminina que encontrou fala menos de características intuitivas e mais das habilidades sociais que são construídas ao longo de experiências pessoais e da cultura organizacional. Líderes buscam mobilizar o comprometimento dos membros da equipe à medida que os envolvem no processo de tomada de decisão e constroem relacionamentos colaborativos, compartilhando o poder e a autoridade e gerenciando a atenção em busca de soluções criativas e inovadoras. As mulheres entrevistadas relatam que após experiência na gestão é difícil deixar de se envolver na administração, pois desenvolveram habilidades e conhecimentos para lidar bem com as pressões, as cobranças, os prazos, os trâmites e as responsabilidades. “São comportamentos que não são acumulados em razão do currículo ou da Pós-graduação feita, mas, antes, do modo como as mulheres conduzem sua atuação na gestão”, pontua.

Com base em diversos autores como, por exemplo, Bourdieu, Pearse, Butler e nas entrevistas realizadas, a autora afirma que as mulheres ao assumir um cargo de gestão desejam mostrar sua competência e não se sentirem competentes. A credibilidade e visibilidade são os resultados de uma gestão que não é centrada na figura do gestor ou da gestora e sim de equipe, de coletivo, como sendo o caminho que melhor definiria uma gestão feminina. “Essa forte relação com o coletivo também pude encontrar quando tratado dos ganhos que mulheres tem quando participam da gestão. A Rede Federal, por se considerar um espaço de inclusão de diversidades, deveria realizar um esforço coordenado para que haja uma representatividade de ideias, de pessoas e de histórias de vida no âmbito das gestões. E isso não somente para atender a uma pretensa pauta feminina”, defende a autora.

Para baixar a obra direto do site da editora acesse: https://www.atenaeditora.com.br/post-ebook/4414 .

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