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Estudantes indígenas do IFPA discutem Saberes e Territórios na Amazônia no II Puxirum

Katoeté! Foi com essa saudação muito usada pela etnia Parakanã, autodenominados de Awaeté, que estudantes, lideranças e pesquisadores/as indígenas cumprimentaram e foram recepcionados por discentes e servidores do IFPA Campus Marabá Rural durante o II Puxirum da Semana Nacional Indígena, realizado de 30 de março a 1º de abril, em formato híbrido, pela Rede de Estudos Afrobrasileiros, Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas e Grupos Correlatos (Renneabi) do Instituto Federal do Pará (IFPA). Sob o tema Saberes e Territórios na Amazônia – “aquilo que nesse momento se revelará aos povos”, a programação contou com diferentes espaços para a discussão das principais questões e lutas indígenas, e com a participação presencial de 76 alunos dos cursos técnicos em Agroecologia e em Magistério Indígena, ambos integrados ao Ensino Médio.

  • Publicado: Segunda, 04 de Abril de 2022, 17h46
  • Última atualização em Terça, 05 de Abril de 2022, 09h44
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“É um privilégio estar aqui no evento estamos aprendendo muita coisa, né? Esse caminho que nós estava procurando pra gente ter o conhecimento do mundo do Toria [homem branco], para a gente resolver o nossa direito, como sempre, e não ficar dependendo só dos brancos, porque o branco vai e volta pra casa. A gente vai até o fim [do curso] e não pode desistir”, declarou Kamaré Paracanã, estudante indígena do Curso Técnico em Agroecologia integrado ao Ensino Médio.

De acordo o Joari Oliveira Procópio, professor do Campus Marabá Rural, a realização do Puxirum ter ocorrido praticamente junto com a volta às aulas presenciais deu uma reacendida nas atividades acadêmicas, principalmente quando se trata dos estudantes indígenas participantes, que tiveram o seu primeiro contato presencial com o Campus. “É importante eles virem para cá e se sentirem, como de fato são, parte da instituição e ter a oportunidade de ver a produção científica, as palestras, as discussões sobre temáticas importantes para a formação deles profissional e humana, conhecendo como é lidar com as questões dos não indígenas. Eles precisam disso para tomar de conta, como eles falam, das atividades econômicas deles para fora, para além da terra indígena, uma vez que esse contato tem cerca de 30 anos e é relativamente recente se falamos de povos indígenas no Brasil”, explicou.

 “Para nós é muito importante que vocês estejam aqui, porque, apesar do curso funcionar lá no posto [espaço mais próximo das aldeias], vocês são alunos do Campus Rural de Marabá. Eu queria dizer que hoje eu aprendi com os colegas o significado de Puxirum, que quer dizer um mutirão, ou seja, é a união de forças. Então nós unimos várias forças para trazer esse evento para cá e organizar com a ajuda de todos vocês”, ressaltou William Bruno Silva Araújo, Diretor de Ensino e, no momento da fala, Diretor Geral Substituto do Campus Marabá Rural. 

 

O compromisso agora é compartilhar com as comunidades o que foi aprendido durante as palestras, mesas redondas e grupos de trabalho que compuseram a programação. “Tudo o que eu vi aqui no evento eu vou falar na comunidade. Eu achei interessante o estudo que eu vi aqui que está falando sobre direito, porque a gente não tava sabendo o nosso direito, agora que eu estou ouvindo aqui. Eu pensei que é muito difícil sair assim [da aldeia], né? Mas estou vendo aqui, nesse evento, como funciona aqui fora. Eu achei muito interessante isso; isso que eu vou explicar lá pro comunidade: direito e estudo”, destacou o professor e liderança indígena, Retá Parakanã, da Aldeia Paranoema.

O Puxirum surgiu, desde a primeira edição, ocorrida totalmente em formato online, em 2021, para dar foco às questões indígenas. “A gente já tem vários Campi que abordam as temáticas afrobrasileiras, mas os que estudam as questões indígenas ainda são raros. E era necessário criarmos um momento de estudo, de pesquisa, de reflexão que envolvesse essas questões. O objetivo é não só falar de temáticas indígenas, mas que estas sejam abordadas pelos próprios pesquisadores indígenas, reverberando as vozes daqueles que foram silenciados e que ainda tentam silenciar. Esse momento de integração entre estudantes indígenas e não indígenas, inclusive com lideranças deles, eu tenho certeza que dará muitos frutos”, destacou a professora Robervânia de Lima Sá Silva, Coordenadora Geral do Renneabi.

Na programação, além do diálogo que se buscou desenvolver durante as atividades, o evento realizou a Plenária dos Povos Indígenas, um espaço dedicado exclusivamente para ouvir as necessidades e opiniões dos estudantes indígenas. O momento contou com a presença de servidores do IFPA Campus Marabá Rural e representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Eletronorte, esses últimas responsáveis pelo Programa Parakanã.

A importância do protagonismo juvenil nas lutas indígenas  

Para Bruna Vaz, Indígena do povo Maytapu da região do Baixo Tapajós (Santarém), antropóloga e doutoranda em História/UFPA, e Roto Gavião, Presidente da Associação dos Discentes Indígenas (Adiu) da Unifesspa e estudante Concluinte do Curso de Direito da mesma instituição, que participaram da Mesa “Povos Indígenas e as diversas dimensões da Luta Política”, as lutas indígenas na atualidade contam com um relevante protagonismo dos jovens, em especial pelas discussões que levantam nas mídias sociais online, destacando ainda a importância da presença feminina. De acordo com as pesquisadoras, isso justifica a importância de se incentivar e dar maiores condições para que os jovens ocupem seus espaços nas escolas e universidades e se desenvolvam para contribuir ainda mais com suas etnias e comunidades. Foi partindo dessa percepção que a Assessoria de Comunicação Social (ASCOM) do IFPA ofertou, durante a programação do evento, a oficina “Práticas educomunicativas na reverberação das reivindicações e lutas indígenas”, ministrada pelo relações públicas e doutorando em Ciências da Comunicação (PPGCom/UFPA), Hericley Serejo Santos.

 

 

A oficina proporcionou a 30 estudantes indígenas, de quinze aldeias dos Awaetés, o conhecimento de técnicas de comunicação e de apropriação de linguagens midiáticas para que os participantes tivessem condições de produzir seus próprios produtos midiáticos e de reverberar suas reivindicações e lutas indígenas em diferentes plataformas digitais. Sob uma metodologia ativa, baseada nos pressupostos teórico-metodológicos da Educomunicação, os próprios estudantes escolheram a linguagem fotográfica para abordar durante a oficina, realizando atividade prática na área do Campus, além de participarem de discussões sobre a importância da leitura crítica de conteúdos veiculados nas mídias para combater a circulação de fake News em suas aldeias e/ou comunidades.

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