Projeto Eco Urbanidade do IFPA Óbidos é destaque no Programa Globe da Nasa
“Eco Urbanidade – percepções entre o avanço urbano e meio ambiente” participa do Programa de Aprendizagem Global e Observações para o Benefício do Meio Ambiente (Globe) de iniciativa da Agência de Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa). Trata-se de projeto com foco em cidadania, preservação do meio ambiente e estudo da cobertura do solo no campus Óbidos, desenvolvido de novembro de 2021 a março de 2022 por alunos e servidores do Instituto Federal do Pará (IFPA).
Ao todo, foram 16 aulas e oito encontros para a execução do projeto disponibilizado por meio de relatório aos internautas no site do Globe. A investigação envolveu atividades de levantamento, gerenciamento e análise de dados matemáticos e estatísticos a partir de noções de física, geografia e informática. No relatório final, os pesquisadores apresentaram de forma resumida a metodologia, as perguntas norteadoras, a história de Óbidos, mapas e vídeo gerados no WorldView da Nasa, facilitando a visualização das áreas desmatadas ao longo dos anos de 2002 a 2018 no município de Óbidos.
O estudo levantou dados, fez análises e propôs soluções para aprimorar ou oferecer suporte na temática de ocupação do solo. Buscou informações para propor medidas de controle do desmatamento e meios de minimização do crescimento urbano desenfreado, identificando seus motivos e relações sociais, bem como avaliação de áreas que contemplem dados acerca da agricultura, pecuária e as atividades que busquem formas de equilíbrio e urbanidade entre a vida humana e suas atividades com o meio ambiente.
Para alavancar a discussão, os autores apresentam um estudo ambiental de suporte ao projeto de expansão do IFPA em Óbidos, estado do Pará, Brasil e seus impactos, realizando estudos da região do Baixo Amazonas entorno do município de Óbidos, trazendo seus indicadores ambientais para reflexão, debate e conscientização acerca do meio em que vivemos.
Participam do projeto seis estudantes do curso Técnico em Desenvolvimento de Sistemas integrado ao ensino médio, integrantes do projeto de extensão Infobótica – robótica –, desenvolvendo a pesquisa com base no protocolo Land Cover do Programa Globe: Hanna Larissa dos Santos Penha, Jhullia Yandra Cerdeira da Silva, Jaqueline Evenly Moda da Silva, Igor de Oliveira Figueira, Lucas Gabriel Gualberto de Andrade e Samuel Douglas da Mota Viana. Eles estão sendo coordenados pelo professor de Informática do IFPA campus Óbidos Luiz Fernando Reinoso, o estudante de Física da Universidade Federal do Pará (UFPA) José Paulo de Almeida Júnior. e o mestrando em Gestão de Riscos e Desatres Naturais na Amazônia na UFPA Aureliano da Silva Guedes II. E contam também com apoio do técnico administrativo Alex de Jesus Pinheiro, também do campus Óbidos.
Opiniões dos pesquisadores
O Professor Luiz Fernando comenta que o grupo tinha noção dos impactos ambientais da urbanização em Óbidos, então decidiu desenvolver um relatório que ajudasse nas tomadas de decisões acerca de projetos urbanos e de expansão de modo a poder oferecer suporte na tomada de decisão. “No início, percebemos que não existia acesso fácil a todas características ambientais de Óbidos, ao mesmo tempo tivemos acesso às ideias de expansão do campus Óbidos”.
O estudante do curso de Física e bolsista da Faculdade de Estatística (Faest) da Universidade Federal do Pará (UFPA) José Paulo de Almeida Junior, idealizador do projeto Eco Urbanidade, prestou suporte à distância ao grupo. Ele explica que conheceu o Programa Globe por meio da Agência Espacial Brasileira (AEB) fazendo leituras técnicas de artigos científicos. Destaca que o projeto desenvolvido pelo IFPA campus Óbidos foi pré-elaborado durante um Workshop, em 2021, ofertado pela AEB a professores e pesquisadores interessados em disseminar a educação ambiental e científica em escolas de educação básica. “O Luiz propôs que colocássemos o projeto em prática e como ele é o único professor da equipe vinculado a uma instituição, solicitamos a colaboração de seus alunos na ação”.
O objetivo do projeto foi discutir em sala de aula os problemas locais e as possíveis soluções. A ideia era levar os alunos a refletir e construir argumentação para responder à pergunta “Como será a forma ideal de crescer?”. A AEB ensina como os pesquisadores podem publicar os resultados obtidos em seus estudos. “O desenvolvimento do projeto cabe ao professor solicitar à instituição que ele participa a participação dos estudantes. O projeto teve um alcance muito maior do que esperávamos. Então, posso afirmar que conseguimos alcançar o objetivo esperado”, esclarece Paulo.
Outro profissional colaborador e idealizador do projeto é Aureliano da Silva Guedes II, estudante no programa mestrando em Gestão de Riscos e Desastres Naturais na Amazônia no Instituto de Geociências da UFPA. Ele foi o responsável por realizar as buscas, análises e interpretação dos dados do INMET e desenvolvimento de gráficos. Prestou suporte de dados para a pesquisa de modo a expandir a didática do projeto além do uso do programa Globe Observer. Ele explica que sua contribuição foi no sentido de permitir que os alunos pudessem analisar de modo mais amplo a importância do projeto e percebessem que podem modificar o ambiente que habitam.
Aureliano destaca, ainda, que a participação no projeto Eco Urbanidade foi de grande relevância para a promoção da sustentabilidade. Um objetivo que segundo ele é alcançável por meio da educação ambiental de maneira aplicada. “Por meio da educação ambiental, os estudantes podem compreender a temática abordada, percebendo-se como parte dela, um agente transformador do meio. É mais do que teoria, realiza-se a aplicabilidade do aprendizado. Algo vital para atingir-se a sustentabilidade.
Para analisar a realidade de Óbidos, as imagens obtidas em aplicações públicas da Nasa foram comparadas com os dados adquiridos de bases governamentais, gerando um recurso único para a região. “Para conscientização, utilizamos o aplicativo Globe, os dados do Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil (INMET) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e com ajuda do Nasa World View geramos um vídeo do desmatamento na região”, destaca o professor Luiz Fernando.
Trabalho de campo
Os alunos do IFPA fizeram uma pesquisa inicialmente exploratória para a coleta de dados em campo com o Globe. Eles relatam que o trabalho foi desenvolvido em equipe, de forma cooperativa e colaborativa, com visita a campo, registros das fotos e análises do aspecto visual e as características físicas do solo. O estudante Igor de Oliveira Figueira, 17 anos, afirma que a participação neste projeto permitiu ampliar a visão que ele tinha sobre o desmatamento no município. “Buscamos informações, contramedidas ao desmatamento e meios de minimização do crescimento urbano desenfreado, identificando seus motivos e relações sociais, bem como avaliação de áreas que contemplem dados acerca da agricultura e pecuária e demais atividades que busquem formas de equilíbrio e urbanidade entre a vida humana e suas atividades com o meio ambiente”.
“Além da oportunidade única que estamos tendo, é uma grande satisfação em poder contribuir de forma prática com o desenvolvimento de novas tecnologias que ajudam no setor da urbanização, com o menor impacto possível ao meio ambiente como um todo”, complementa Igor.
A estudante Hanna Larissa dos Santos Penha, 16 anos, também integrante da equipe, explica que ela e os colegas fizeram a observação e análise dos dados sobre os elementos presentes na área do IFPA campus Óbidos - cobertura verde, tipo de solo, temperatura -. “Com os dados coletados, analisamos alguns aspectos, como por exemplo: as mudanças climáticas locais. Conversamos sobre um possível plano de ação a partir dos dados coletados, visando a sustentabilidade e estabilizar os impactos ambientais”, destaca.
Hanna comenta que gostou muito de participar do Eco Urbanidade, pois foi uma oportunidade de sair da sala de aula. Uma chance para eles sairem do laboratório de informática para observar o mundo “real” e atuar como agentes responsáveis pela coleta de dados. Se diz orgulhosa do trabalho que desenvolveu junto com os colegas, por ter gerado dados atualizados para a sociedade e pesquisadores. “Essa é a maior gratificação, contribuir com as nossas observações para um futuro melhor, onde esses dados servirão não só para nós, mas para futuros projetos que também visem a sustentabilidade”, comenta.
A jovem pesquisadora destaca, também, que ao longo do projeto, ela e os colegas se debruçaram não só sobre a realidade ambiental do local estudado, mas aprenderam com o professor uma forma de observar e rever as ações humanas de forma a contribuir e melhorar a forma de lidar com o meio ambiente. Tiveram a oportunidade de refletir e desenvolver ações de sustentabilidade com base em dados do território em que o Campus do IFPA em Óbidos está inserido.
Fizeram pesquisas de campo, escreveram relatórios das análises dos dados coletados para fornecer uma visão ampla da realidade local, revelando os problemas e as condições do meio ambiente, apresentando as variáveis ambientais de modo a disponibilizar um material que sirva de fonte para profissionais, professores, estudantes e a comunidade em geral mecanismos para tomada de decisão mais eficientes para a sociedade.
Hanna afirma que o Eco Urbanidade teve extrema importância para a própria vida acadêmica e a dos colegas. Foi seu primeiro projeto acadêmico. “Agregou muito conhecimento. Os trabalhos me fizeram ver que o principal propósito que tenho nos estudos é contribuir com a sociedade para um futuro melhor. Particularmente, essa foi uma experiência incrível! É muito gratificante se sentir um contribuinte para o mundo com dados da nossa região, que muitas vezes não é lembrada. Fazer parte da equipe responsável por esse registro é incrível. É um sentimento incrível de satisfação, sinto que minha vida acadêmica já fez sentido por eu ser um agente de transformação na sociedade”, ressalta Hanna.
Link para folder e projeto na íntegra no site do Globe da Nasa: https://shorturl.ae/Exgr1
Globe
O Programa de Aprendizagem Global e Observações para o Benefício do Meio Ambiente (Globe) iniciou em 1994. No Brasil, começou em 2015 após acordo assinado entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência de Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa). Trata-se de um Programa Internacional de Iniciação Científica e Educação Ambiental que desenvolve coleta de informações seguindo protocolos científicos, testados em salas de aula e executados por estudantes.
Os membros do Globe desenvolvem pesquisas em várias áreas da ciência ambiental que envolvem os sistemas terrestres – Atmosfera, Pedosfera, Hidrosfera e Biosfera –, por meio de estudos sobre a hidrografia, solos, climas, coberturas do solo e estudos dos ciclos de vida animal e vegetal. Todos os dados e pesquisas são disponibilizadas em uma plataforma que serve de fonte para novos estudos. O trabalho de coleta de dados ambientais e trabalhos científicos – com o objetivo de promover a compreensão do meio ambiente em escala local, regional e global –, envolve alunos, professores, técnicos administrativos, cientistas e cidadãos.
No aplicativo Globe, o Programa Globe disponibiliza quatro protocolos para conduzir os estudos científicos: Clouds (Nuvens), Land Cover (Cobertura do Solo), Trees (Árvores) e Mosquito Habitat Mapper (Mapeador do Habitat do Mosquito).